A ética budista | Robert Thurman no Google

“De acordo com a análise filosófica e psicológica de Buda, o mau hábito humano, hábito cognitivo, hábito emocional, habito instintivo que causa todo o sofrimento dos seres humanos é o sentimento que temos habitualmente de sermos absolutos. Uma pessoa tem um sentimento — a pessoa não-desperta tem um sentimento — de que algo sobre si mesmo é absoluto, e do ponto de vista de Buda isso é errôneo.

Seu ensinamento de ausência de eu (não-eu) significa que isso é um erro. Isso não significa que eu não existo. Significa que eu sou um ser relacional, não um ser absoluto. Quer dizer que outros seres são igualmente reais e importantes, e que a pequena mudança de não ser mais você mesmo o centro de tudo, de chegar a essa compreensão visceral — primeiramente compreender intelectualmente e filosoficamente e depois compreender visceralmente — essa é toda a campanha do ensinamento budista.

Muitas pessoas não compreendem o budismo corretamente e pensam que o grande insight é que você não existe, e então você está livre e tudo está bem. E na verdade, existem alguns budistas modernos que pensam que o materialismo científico ratifica isso ao descobrir que você é apenas um cérebro sacudindo dentro de um crânio e funcionando até que se canse e você tenha um derrame, um ataque ou algo assim e então você não existe mais. Assim, de certa forma, essencialmente você não existe. Você é apenas um robô iludido a pensar que existe.

Mas Buda esclarece bem a vacuidade como uma espécie de princípio cosmológico fundamental, sendo o caminho do meio entre o niilismo, o nada e o absolutismo, que constrói algum tipo de absoluto a partir de algo. A vacuidade é, portanto, realmente aquilo que verdadeiramente é o relativismo, e Buda é na verdade o descobridor da relatividade. E, portanto, a ética é um tema central para o budismo, porque a ética opera em todos os níveis.” 

— Robert Thurman 

O professor Robert Thurman fala sobre a ética budista, que ele traduz como o caminho de dez etapas de ação hábil e inábil. Em vez de certo e errado, Thurman nos incentiva a considerar o comportamento ético como uma ação que nos ajuda a florescer no caminho em direção ao despertar. Assista abaixo:

[Ative a legenda clicando no quadradinho no canto inferior direito do vídeo]

“Se você vai ficar enrolado com todos os seres para sempre, é melhor você otimizar seu envolvimento com eles. Qual é o melhor modo de ficar enrolado com alguém? Você os ama e eles amam você.

Você não pode forçá-los a amar você, então você tenta ser o mais amoroso possível se tornando um buda. Amar significa desejar que eles sejam felizes. E quando eles realmente forem felizes, eles vão amar você. Então esse é o melhor caminho.” 

— Robert Thurman 

Robert Thurman é um escritor americano e acadêmico budista que tem escrito, editado e traduzido diversos livros sobre o budismo tibetano. Ele também é o co-fundador e presidente da Tibet House New York e atualmente possui a primeira cadeira no seu campo de estudo nos Estados Unidos na Universidade de Columbia. Thurman foi o primeiro ocidental a ser ordenado monge budista pelo Dalai Lama, e é um dos mais influentes ativistas contra a ocupação Chinesa do Tibete.
Robert Thurman é um escritor americano e acadêmico budista que tem escrito, editado e traduzido diversos livros sobre o budismo tibetano. Ele também é o co-fundador e presidente da Tibet House New York e atualmente possui a primeira cadeira no seu campo de estudo nos Estados Unidos na Universidade de Columbia. Thurman foi o primeiro ocidental a ser ordenado monge budista pelo Dalai Lama, e é um dos mais influentes ativistas contra a ocupação Chinesa do Tibete.

“As pessoas ficam mais felizes quando fazem algo com sucesso para uma outra pessoa, e elas se sentem realmente bem com isso, gostam de ver aquela pessoa sorrir, ver aquela criança feliz.  Elas realmente ficam, e então isso leva ao “slogan” do Dalai Lama sobre compaixão, onde ele diz que se você quer que outra pessoa seja feliz, tenha compaixão por ela. E ele diz que, se você quiser ser feliz, tenha compaixão por outra pessoa.

Isso tem origem na tradição de Shantideva, um grande filósofo indiano, que escreveu um grande livro chamado “O caminho do Bodhisattva”, que eu recomendo a todos. É um dos grandes clássicos da espiritualidade do mundo, no qual ele constrói o argumento, muito extensivamente, de que a nossa natureza é de maneira que, quando fazemos algo para alguém com sucesso, isso é em si uma recompensa. E eles podem inclusive construir o esperto argumento psicológico de que, quando você foca em fazer coisas para os outros, então, na verdade, você temporariamente esquece daquilo que você mesmo precisa. Você tende a esquecer.

E essa é a chave para a felicidade, porque o jeito certo de ser infeliz é pensar: “o quão feliz eu sou?”. Isso entristece imediatamente. No momento em que você pensa “está bom?”. “O que estou tirando disso?”. “O que está acontecendo?”. É assim, “ah não, não está tão bom”. Não importa o quão maravilhosa esteja a situação, uma vez que você para avalia-la, você nunca fica satisfeito. Os Rolling Stones tem uma canção sobre isso, não é? “Ain’t no satisfaction”.

— Robert Thurman 

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