O Amor e as Relações Uma das falas mais bonitas e incríveis sobre o tema! Por Dzongsar Khyentse Rinpoche

“Nossas identidades são flutuantes, não têm sabedoria e nós não temos gestão própria sobre elas. Portanto, as relações são problemáticas, não só conosco mas com os outros também. Quando nós nos juntamos somos como duas bóias no mar revolto: no início estão próximas mas, ao final de um certo tempo, cada uma pode estar em um oceano distinto. Os ventos e as ondas vão nos arrastando, não temos propriamente capacidade de gerir, de determinar a direção. No budismo, nosso objetivo é recuperar esta direção. Como recuperar esta direção e como, após recuperá-la, podemos nos aproximar e gerar relações estáveis e satisfatórias?”

–Lama Padma Samten no livro “Relações e Conflitos”

Confira, assistindo o vídeo abaixo, uma das falas mais bonitas e incríveis sobre relacionamentos amorosos pela perspectiva do dharma.  Dzongsar Khyentse Rinpoche fala sobre o tema de forma bem humorada e honesta: 

“O budismo lida com a verdade, e a verdade é algo pela qual as pessoas não estão muito interessadas. O budismo fala sobre a impermanência, ilusão… Se você procurar nos sutras… nos Shasras… não há menção sobre cerimonia de casamento, por exemplo, é por isso que budistas não tem cerimonias de casamento… muitos budistas tradicionais, como no Japão e na Coréia estão se tornando cristãos.. porque eles não tem uma cerimonia de casamento.. acho que é por isso que o budismo não vai se espalhar muito…

É lindo se vestir de noiva, pegar o buquê, a música…tudo isso é importante, mas budistas não tem. Eu sempre digo isso, se eu fizer um casamento budista, se isso for feito autenticamente, não iria funcionar.. seria algo como… o casal estaria na minha frente e eu diria coisas como ”Bom, sabe, as coisas são impermanentes…” ”Pode ser que não funcione depois de alguns dias..”

O mais provável é que os budistas tivessem uma cerimonia de divorcio.

Relacionamentos amorosos não são ensinados como uma instituição que você precisa. Mas, evidentemente, os relacionamentos amorosos românticos são ensinados no budismo, é claro, mas como um problema! Não como algo que você precisa estabelecer. É como.. a atitude dos budistas fala sempre com alguma desconfiança sobre eles, entende? Mas, as pessoas vão continuar a se apaixonar.. ainda vão se casar e buscar relacionamentos. Então, poderíamos dar alguns conselhos sobre isso e de alguma maneira relacionar com algumas sabedorias budistas, e é isso que vamos tentar discutir hoje.” 

Assista abaixo:

DJK

Breve biografia de Dzongsar Khyentse Rinpoche

Jamyang Khyentse Rinpoche, ou Thubten Chökyi Gyamtso, nasceu em 1961 no Butão, sendo reconhecido por S.S. Sakya Trizin como a emanação da mente de um dos maiores mestres Dzogchen de seu tempo, Jamyang Khyentse Chökyi Lodro (1893-1959).

A linhagem Khyentse, começando com o grande Jamyang Khyentse Wangpo, sempre se caracterizou pela visão não-sectarista. Refletindo essa tradição, Dzongsar Khyentse Rinpoche estudou com professores de todas as quatro escolas do budismo tibetano. Recebeu iniciações e ensinamentos de muitos dos maiores mestres contemporâneos, incluindo S.S. Dalai Lama, S.S. o 16º Karmapa, S.S. Sakya Trizin e seus próprios avós: S.S. Dudjom Rinpoche e Sönam Zangpo. Seu mestre principal foi Dilgo Khyentse Rinpoche. Rinpoche ainda estudou com mais de 25 grandes lamas de todas as quatro escolas do budismo tibetano.

Enquanto ainda era adolescente, foi responsável por publicar muitos textos raros que estavam ameaçados de serem perdidos completamente e, nos anos 80, começou a restauração do monastério Dzongsar, no Tibete.

Dzongsar Rinpoche é famoso pela liberdade descontraída com que se move entre culturas e povos e por sua dedicação incansável em trazer a filosofia e o caminho da iluminação para qualquer pessoa com um coração aberto.

Além de supervisionar sua sede tradicional no monastério Dzongsar e seus centros de retiro no Tibete Oriental, fundou diversas faculdades e centros de retiro na Índia (em Bir e Chauntra) e no Butão. Conforme o desejo de seus mestres, Rinpoche tem viajado e ensinado pelo mundo todo, estabelecendo centros de darma na Austrália, Europa, América do Norte e Ásia.

Em 1989, S.E. Dzongsar Khyentse Rinpoche fundou a Siddharta’s Intent, uma associação de centros budistas de alcance global, cuja intenção principal é preservar os ensinamentos budistas assim como aprofundar a compreensão e consciência sobre os diversos aspectos dos ensinamentos budistas em meio a diferentes culturas e tradições.

Em 2001, Rinpoche também fundou a Khyentse Foundation, uma organização sem fins lucrativos para funcionar como “um sistema de patrocínio para instituições e indivíduos engajados na prática e estudo da sabedoria e compaixão do Buda”.

Rinpoche também fundou a Lotus Outreach, uma organização sem fins lucrativos dedicada a garantir a educação, saúde e segurança de mulheres e crianças vulneráveis nos países em desenvolvimento. Originalmente fundada como suporte para a educação de refugiados, a Lotus Outreach agora também ajuda a reabilitar sobreviventes do tráfico humano e manter estudantes em risco na escola.

Dzongsar Rinpoche também dirige o Deer Park, centros de arte e contemplação no Butão e Índia, o World Peace Vase Program — uma grande iniciativa de alcance global de S.S. Dilgo Khyentse Rinpoche — e a Siddharta School, na Austrália.

Em 2008, Rinpoche fundou a Manjugosha Edition, baseada em Berlim (Alemanha), para publicar textos budistas raros e preciosos sob encomenda. Alunos seus no Rio de Janeiro criaram o grupo de prática Buda de Ipanema. Dzongsar Rinpoche visitou o Brasil algumas vezes, tendo realizado as consagrações rituais do Palácio da Terra Pura de Padmasambhava, no Khadro Ling (Três Coroas, RS), e do templo Odsal Ling (Cotia, SP), além de ensinamentos e palestras.

Dzongsar Khyentse Rinpoche também é cineasta; seus dois filmes principais são “A Copa” (1999) e “Traveller e Magicians” (2003). Ele estudou com o cineasta italiano Bernardo Bertolucci, após atuar como consultor (e breve coadjuvante) de seu filme “Pequeno Buda” (1993). Também é autor dos livros “O que te faz ser budista” (2007) e “Not For Happiness” (2012).

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  • Sarah. A. Doro. Estes. Comentários. E verdadeiros em sinamentos
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