A arte de ouvir. Revele humildade e Paciência.| S.S. Gyalwang Drukpa

Ouça Com Compaixão

 Uma pratica excelente para prevenir a interrupção da raiva é dominar a arte de ouvir. Quando ouvimos de boa vontade, colocamo-nos no lugar da outra pessoa e concluímos que ela é mesmo um ser humano como nós. Devemos por de lado os juízos de valor quando ouvimos – o que no começo nem sempre é fácil porque crescemos aprendendo a julgar tudo o que vemos e escutamos. Entretanto, se conseguirmos apenas dar atenção as outras pessoas, em vez de nos encolerizarmos, procuraremos compreende-las, ainda que se exprimam ou ajam de uma maneira aparentemente ofensiva ou injusta.

Fale sobre suas emoções e ouça com compaixão o que os outros tem a dizer, a compreensão é uma via de mão dupla. Se conseguir escutar de boa vontade e sem juízos prévios as pessoas próximas de você, mesmo as que mais o aborrecem, então começará a encará-las de maneira verdadeiramente compassiva. Poderá então, com serenidade, examinar seus sentimentos em relação a elas, esmiuça-los e vê-los como realmente são. Você quer sentir raiva dessas pessoas ou permanecer calmo, pacífico, não importa o que lhe façam?

Fofocas e palavras ríspidas

Compreende-se que seja muitíssimo difícil praticar a compaixão com pessoas que nos ferem fisicamente. Mas somos feridos também, as vezes, por palavras. A fofoca não passa de vento, ar – ar quente. Ainda assim, como seres humanos comuns, ficamos enfurecidos ou descontrolados, querendo dar o troco. Por força do hábito, reagimos com sentimentos, palavras e mesmo atos negativos.

É muito fácil gostar de pessoas e situações agradáveis. Porém o verdadeiro teste ocorre quando você se defronta com uma situação ou pessoa das mais desagradáveis e não consegue evitar. Nesse caso, poderá praticar, em bases diárias, algo que realmente exija sua atenção. É importante que faça um esforço nesse sentido. Assim, se alguém disser alguma coisa negativa a seu respeito, pague-lhe dizendo alguma coisa positiva a respeito dele. Se não conseguir fazer isso, pelo menos fique calado.

”Não fale, exceto para enriquecer o silencio” – Proverbio Budista

Se você praticar o amor e a compaixão, conseguirá permanecer calmo e em seu próprio caminho mesmo que pessoas que são amigas, se tornem descontroladas e coléricas. Isso acontece porque são afetadas pela raiva, pela inveja, pela ignorância, pelo ego e por outros absurdos. .Ficam completamente sob sua influencia e nem o percebem. E, como se sentem superiores de alguma forma, podem até nos ofender ou agredir, estão cegas.

Embora seja difícil, sendo você um iluminado ou um principiante, não deve pagar o ódio com ódio. Não será melhor procurar entender por que aquelas pessoas dizem tais coisas? Se você agir da mesma forma, em que será diferente? Que terá aprendido?

Você também pode ser tentado a criticar os outros, a espalhar fofocas sobre eles. Muitas pessoas, em definitivo, adoram fazer isso. Sempre que falamos de alguma coisa ou pessoa, em questão de minutos já começamos a censura-las. Não conseguimos nos conter, é um hábito. Mas quem somos nós para, realmente, julgarmos que conhecemos aquela pessoa? Talvez ela seja na verdade um grande mestre disfarçado. É, pois sempre bom tentarmos nos livrar do hábito de criticar nossos semelhantes. O que os outros fazem não é da nossa conta. É da conta deles. Sendo assim, que façam o que quiserem. O melhor é ficarmos em silencio.

Desse modo, começamos a falar com mais gentileza e cuidado. A motivação pura e certa dissemina felicidade. Palavras bondosas são importantes. Para isso, no entanto, você precisa antes tomar consciência de si mesmo porque, do contrario, talvez consiga se controlar uma ou duas vezes, mas um belo dia perderá a cabeça. A conscientização é importante em tudo, com ela, você pode derrubar os obstáculos que se erguem em seu caminho, pode manter controladas as emoções violentas, pode conservar o equilibro e persistir no caminho do meio em vez de se desgarrar ou ser arrebatado pelo turbilhão. Não se trata de ser rígido ou conservador demais na vida. Ria, divirta-se, o bom de tudo é que, graças a consciência, não precisará rir a custa dos outros.

Transforme a Raiva em compaixão

”Reminar a raiva é como pegar uma brasa para atirá-la em alguém, é você que se queima” – Buda

Se não gozamos de paz individual, como esperar que o mundo seja pacifico? De que modo cultivaremos o senso de paz para transformar a raiva em compaixão?

A paz é o estado normal de nossa mente, de nossa natureza. Porém, enquanto estivermos nos debatendo sob o julgo do ego ou dos apegos, não conseguiremos experimenta-la. É como um homem muito pobre que, sem saber, tem um grande tesouro escondido sob a cama. Vem então outro mais esperto e meostra-lhe o tesouro tesouro, ao descobrir que possui tamanha riqueza, ele se sentirá tremendamente feliz e agradecido. Assim, também, temos muita paz na mente, mas não nos damos conta disso. Eis o motivo de lutarmos tanto na vida, eis o motivo de as coisas se tornarem destrutivas.

Há certos incidentes, no dia a dia, que parecem estar sempre apertando nossos botões da raiva. Mas o melhor é investigar a raiva em vez de obedecer a ela cegamente. Assim, poderemos descobrir com o coração se ela é parte de um processo terapêutico cujo objetivo seja perdoar ou se não acarreta bem algum, apenas nos faz sentir incomodados.

A meu ver, o ritmo frenético que as pessoas atualmente imprimem a sua vida pode muitas vezes provocar pânico. Desse modo, perante os obstáculos que surgem (e sempre vão surgir), elas reagem com cabeça quente e não com calma. Fato curioso, a despeito dos progressos da tecnologia que, aparentemente, facilitam nossa comunicação uns com os ouros 24 horas por dia, estamos tendo cada vez menos oportunidades de fazer contato com nossos semelhantes. Grande parte da raiva que hoje existe no mundo resulta do fato de os seres humanos não saberem se comunicar entre si. É como se nos considerássemos criaturas totalmente estranhas, sem nada em comum, embora sejamos absolutamente iguais. Em vez de nos conectarmos, tendemos a proferir julgamento baseados em provas insignificantes, quando não sentimos medo do próximo. Não nos ”aproximamos” uns dos outros e , nessa brecha que vai se alargando entre as pessoas, emoções como a raiva encontram um fértil terreno de caça. Esquecemo-nos de nossa capacidade para inspirar e convencer pelo exemplo, podendo acabar envolvidos em transações e emoções violentas que não levam a lugar nenhum.

Depois de investigar nossa raiva, podemos pensar nela de maneira mais construtiva, pô-la de lado, respirar lenta e profundamente e perguntar a nós mesmos qual o melhor caminho para resolver o problema. Talvez esse caminho seja dizer exatamente as mesmas coisas, mas com calma e não com rancor e descontrole.

A raiva se transforma em hábito

A raiva é infecciosa e pode facilmente se transformar num hábito, precipitado em certas situações por lembranças e experiências. Esse habito é nutrido pelo ego e as vezes pelo mundo em que vivemos. Ao ver uma pessoa ou presenciar uma ação, é como se um fosforo se acendesse, trazendo à tona os mesmos sentimentos antigos. Talvez você tenha sido educado por um pai de ”pavio curto” e siga suas instruções metendo-se em conflitos por pequenas coisas. Uma parte de você pensa que ninguém o ouvirá se não erguer a voz. Ou você não sabe ao certo a causas de seus acessos de raiva, pois em geral é uma pessoa calma mas quando presencia algo que ofende seus valores ou supõe que esta sendo criticado, todos os sentimentos pacificos saem voando pela janela e você perde a cabeça. Reflita um pouco sobre isso e logo descobrirá os padrões subjacentes de sua raiva. Pode haver gatilhos que coloquem seu ego vulnerável na defensiva ou certas coisas a respeito das quais suas crenças são rígidas e inabaláveis.

Não lute contra sua raiva, punindo-se toda vez que ela vem à tona. Quando estiver bem, tente descobrir por que se deixa dominar pela raiva, quais são os fatores que a provocam, seus hábitos… Ao tomar mais consciência disso tudo, reconhecerá sem dúvida que as pequenas coisas responsáveis por sua raiva já não tem tanto poder sobre você. Ao romper com seus apegos, não dar atenção a seu ego e ver o mundo em derredor com mais compreensão, dando-lhe o devido valor, perceberá que pode contemplar as coisas de uma perspectiva nova e não reagir intempestivamente. Passará a encarar os ”problemas” com mais criatividade, a medida que for desenvolvendo sua mente inspiracional, e buscará soluções em vez de pretextos para se queixar.

Acha que pode promover uma mudança em sua vida para quebrar esse hábito? Digamos que você fique furioso ao ver um adolescente jogando lixo na rua, mas sinta-se impotente e mesmo amedrontado para dizer algo. Talvez possa, conversando com outros, encontrar uma boa maneira de inspirar esses adolescentes, em vez de apenas censura-los aos gritos. Vá além de seus próprios julgamentos e procure descobrir uma maneira simples graças a qual consiga fazer uma diferença. É assim que mostrar-a o mais elevado grau de compaixão.

Frequentemente buscamos a felicidade em lugares errados, onde ela não esta, e não naquilo que se acha aqui mesmo, na nossa vida. Da mesma maneira, se você virar a raiva como uma moeda, talvez descubra que a compaixão lá se encontrava o tempo todo. Pais e filhos passam anos encolerizados uns com os outros por causa de uma série de equívocos, quando, se procurassem nos lugares certos, descobririam que sempre houve entre eles algo em comum, uma fonte de compreensão que poderiam ter cultivado.

Lembre-se, portanto, de que a raiva é um grande mestre. As vezes, aconselha-o a pensar bem para encontrar uma solução melhor, recorrendo a mente inspiracional e depois a prática. Outras vezes, mostra-lhe que seu ego continua firmemente no controle. Seja lá como for, ouça sua raiva, mas não permita que ela o domine. A vida é preciosa demais para isso.

”Não procure saber o que é certo e o que é errado” – Buda

 

Revele humildade e Paciência 

A medida que você se esforça para romper seus apegos – por exemplo, a bens materiais, pessoas, emoções ou visão de mundo – começa a substituir o orgulho pela humildade. .Se ainda está ligado ao seu corpo, a sua aparência, juventude, a riqueza ou coisa semelhante, dificilmente pode ser humilde. A descontração abrirá sua mente e seu coração para as lições maravilhosas que a vida tem para lhe oferecer.  Ela o tirará da defensiva porque você começará a notar que essas lições não são para feri-lo nem humilha-lo, nem sequer deixa-lo embaraçado. Se você conseguir se aceitar assim como é, cada instante da vida se tornará uma oportunidade ou, simplesmente, uma experiência ao longo do caminho.

O orgulho se mostra sempre arrogante, sempre tagarela, fazendo que seja impossível ouvir os outros. O orgulho nos faz crer que seja impossível ouvir os outros. O orgulho nos faz crer que somos os sabichões, os inteligentes, os maiorais. Ele nos encerra em nós mesmos a tal ponto que perdemos a chance de receber. Porém, com humildade, você ouve e aceita o que quer saber e o que as pessoas dizem, conseguindo então evoluir muito mais rápido que os orgulhosos.

”Só muito tarde na vida descobri como é fácil dizer “Não sei”. – Somerset Maugham

Não se orgulhe de suas habilidades ou realizações. Elas tem lá sua importância. Acontece que, em vez de definir quem você é, são ferramentas com as quais poderá fazer melhor seu trabalho. Por exemplo, você pode entender muito de computação – ser o melhor, um especialista. Porém não se gabe disso, talvez seja também um péssimo cantor e, quando chegar sua vez de cantar, de nada lhe valerá dizer a todos que é mago dos computadores.  Convém rir dessas situações. Quem mal há em sermos ruins em certas coisas? É útil saber que em algumas somos peritos em outras, nulidades. Por esse aspecto, todas as pessoas são iguais, constatação que acaba por sufocar o orgulho.

Para muita gente, ser inútil em determinadas coisas é fonte de profundo desanimo. No entanto creio que isso se deva a intervenção do orgulho: nosso ego é ferido e nos torna sensíveis, pondo-nos na defensiva com relação a nossa fraqueza, ou convence-nos de que somos imprestáveis como pessoas Assim, se conseguirmos nos desligar de todas essas coisas que fazemos, não mais importará se somos grandes peritos ou não. Reconheceremos que é ótima a ideia de aproveitar ao máximo nossos talentos em beneficio dos demais, não sendo, portanto, necessário nos sentimos mal por causa daquilo em que não nos saímos tão em. Não precisamos levar tais coisas muito a sério – que flutuem para longe, ao sabor da corrente.

Paciência

A prática da paciência é a porta principal para iluminação. A paciência cria espaço para pensar e respirar. Durante uma discussão, ela cria uma abertura que nos permite entrar num acordo ou aceitar ideias alheias. As coisas só parecem melhores quando as analisamos com paciência. Por outro lado, se você não der a chance de respirar e pensar, seus próprios desejos prevalecerão e a cólera explodirá com frequência! Ora, ficar constantemente irritado e colírio é uma maneira bem difícil de viver.

”Adote a paz da natureza: seu segredo é a paciencia” – Ralph Waldo Emerson

Se você tiver paciência e tolerância, sua vida será rica. Porém esses não são conceitos muito fáceis de entender. Por isso, as vezes, a vida é oscilante como uma mesa velha de antiquário. Eu tinha uma mesa de jantar inglesa muito antiga que, quando era tocada, começava a tremer e estalar – não se podia por nada em cima dela, pois parecia que iria se espatifar no chão. A vida sem paciência e tolerância é assim. Essas qualidades oferecem alicerces sólidos. .Nao importa o que aconteça  e tudo pode acontecer nesta vida-  você não se abate, enfrenta tudo e nunca perde a coragem mesmo quando os outros o fazem sofrer.

A paciência nos ajuda nas horas de dor, quando temos paciência, nunca desistimos e nunca desanimamos. Ao contrario,p perseveramos, continuando a pensar e afazer coisas boas. Atentamos então para outras pessoas que estão as voltas com o mesmo problema e lhes enviamos nossa compaixão, na esperança de que não sofram.

A paciência é também muito útil quando estamos felizes. Deixamo-nos levar facilmente pelo orgulho, nunca nos declaramos satisfeitos e sempre queremos mais. Se você é o figurao mais rico, sente-se muito orgulhoso e olha os outros de cima. Se é bonito e vaidoso de sua beleza, sofre horrivelmente quando percebe uma espinha ou ruga no rosto. .E pode facilmente sentir inveja daqueles que saem melhor que você. É bom ser feliz, saudável e mesmo rico, mas graças a paciência, você esquecerá seu orgulho e reconhecerá que tudo é passageiro. Será grato em vez de desprezar seus semelhantes.

”A maior paciência é a humildade. A maior meditação é a mente descontraída. A maior sabedoria é ver além das aparências”. Atisha.

A prática da paciência não é fácil no começo, mas há várias maneiras de começar. A paciência e a tolerância exigem muita reflexão e compreensão. Achamos difícil ser tolerantes diante de coisas que contrariam frontalmente nossos valores morais, aquilo que para nós é o certo versus o errado, o bem versus o mal.  Quando, do nosso ponto de vista, as pessoas se comportam de maneira inadequada, nós as censuramos porque suas atitudes não se enquadram em nossa visão de mundo. Queremos que tudo e todos se acomodem ao nosso gosto, enquanto, ao mesmo tempo, exigimos que nos aceitem como somos. E somos, falando de um modo geral, muito teimosos. Não nos deixamos influenciar facilmente por esses ensinamentos ou mesmo pelo que acontece em nosso cotidiano. Mas lembre-se: todos nós, sem exceção, estamos no mesmo barco. Teremos acaso boas razões para sermos arrogantes e mesquinhos? Afinal, ninguém sabe o que vai acontecer daqui a um minuto, pode acontecer qualquer coisa.

Esse não é um conselho para você se omitir e não fazer nada quando alguém o ofender. É um lembrete de que, com paciência, você evolui mais, sem desistir nem perder a coragem. Com paciência, não permite que ninharias o subjulguem e controlem. Pare então de se perguntar ”Por que isso acontece justamente comigo?”, pare de recear que mais sofrimentos sobrevenham amanha, e ao contrario, pense no que irá fazer e num modo de progredir. não é fácil, mas, se você começar com compaixão, logo estará vendo tudo mais claramente.

Por exemplo, se alguém o aborrece muito, deve haver uma razão para isso. Adquira um pouco de conhecimento e compreensão dessa pessoa a fim de descobrir por que ela se mostra tão importuna. Talvez seja muito fraca, talvez não o entenda ou talvez você tenha feito algo que a magoou. Se você descobrir a causa, poderá serenar as emoções violentas que a dominam. Mesmo que essa pessoa continue se comportando mal, não lhe deixando alternativa a não ser sair de perto dela, você não precisa ficar preso a situação, não precisa carrega-la para onde quer que vá.

Seja honesto consigo mesmo. Quando os outros falarem mal de você, espalhando mentiras por meio de fofocas maliciosas e grosseiras, não sinta dó de si mesmo, deixe estar e vá em frente. .Caso os boatos encerrem alguma verdade, reflita a respeito, corrija-se e procure melhorar, calando em seguida quaisquer sentimentos negativos. Aprender a superar situações é uma das melhores praticas para desenvolver a paciência, e consequentemente, a compaixão e a sabedoria.

A contemplação desenvolve a paciência.

Ao contemplar sua vida cotidiana, você começa a refletir sobre o modo como lida com as coisas. Aprendendo com a experiência, poderá avaliar sua reação, caso, no futuro, enfrente situações semelhantes. Ponderar as coisas em profundidade esclarecerá melhor os problemas e o fará ir mais devagar, abrindo espaço para você, aos poucos, desenvolver sua paciência.

Seria muito útil também que você direcionasse seus pensamentos para o coração e descobrisse como de fato se sente. .Alguém pode e-lo realmente aborrecido hoje e talvez você tenha achado que não havia alternativa a não ser reagir com rispidez. No momento, pareceu-lhe que aquela pessoa merecia saber até que ponto você estava farto de suas ações, palavras ou atitudes egoístas. Mas talvez, no fim das contas, dar vazão a cólera não o tenha feito se sentir tão bem quanto pensava e agora você se pergunta como devera enfrentar uma situação semelhante caso ela se apresente de novo no futuro. Você não quer ser passivo, fraco, mas sim transmitir sua mensagem com calma e energia.

A medida que você desenvolve sua paciência, os outros podem considera-lo uma pessoa muito compreensiva. Ou seja, uma pessoa que sabe interpretar a situação a sua volta. Você deve encarar tudo com tranquilidade, sem fazer muito barulho por ninharias ou bradar aos céus em altas vozes – em suma, sem perder facilmente a cabeça, o que apenas revela falta de prática. Por meio da contemplação e da meditação, é possível esticar a paciência em um quilometro! Esse tipo de meditação nos familiariza intimamente com experiências e sentimentos tanto nossos quanto dos outros. Hoje talvez você ache isso difícil, mas, aos poucos, se persistir na pratica, ao fim de uma ou duas semanas já estará visivelmente melhor. E depois de um ou dois meses, a paciência se imporá com facilidade e, no próximo ano, você será um verdadeiro diplomata.

A prática desenvolve a paciência.

É difícil praticar a paciência quando não há nada que nos obrigue a ser pacientes, quando nos sentimos calmos e em paz com o mundo. Você esta lendo essas palavras, por meio das quais tento ajuda-lo a a perceber a importância da paciência, mas creio que perceberia isso melhor se vivenciasse no mundo real. Assim se alguém aparecer e provocar sua cólera, comportando-se de maneira desagradável, ele sera o verdadeiro mestre. Sem dúvida, no calor do momento, você não perceberá isso e o considerará um inimigo. Porém essa pessoa estará lhe dando uma oportunidade real de por a teoria em prática – aproveite-a sempre que possível!

Trecho do livro “Iluminação Diária – o Caminho Para A Felicidade No Mundo Moderno” de Gyalwang Drukpa. Compre o Livro Aqui.


Sua Santidade Gyalwang Drukpa

Uma breve introdução

Sua Santidade o 12º . Gyalwang Drukpa (no português Guial.uang Drukpa), o  líder e orientador espiritual de autoridade máxima da Linhagem Drukpa do budismo tibetano, é um mestre cuja versatilidade, inovação, determinção e  alegria podem ser percebidas como características marcantes.
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De acordo com o princípio da tradição espiritual Drukpa, que conta com mais de 800 anos, ele também é conhecido como “O Grande Dragão”(no tibetano “Druk.tchen”),  o animal simbólico que, além de representar elevação espiritual, poder de realização e destemor, é capaz de se manifestar livremente pelo céu, pela água e pela terra. Mesmo com a respondabilidade de liderar uma das principais correntes da Tradição Buddhista dos Himalaias, incluindo o Butão, Tibete, China, Nepal e Índia, contando, atualmente, com milhões de seguidores por todo o mundo, ele se manifesta como um yôgui cuja simplicidade e humildade são evidentes. Não é raro vê-lo sentado entre os monges para receber iniciações de mestres mais velhos, ou andando a pé pelas estradas da Índia, Nepal e Tibete. Também é comum correr a notícia de que, durante períodos de seu silêncio, encontrava-se caminhando ou viajando de trem pelos mesmos lugares, incógnito, em busca de ensinamentos dos seus professores e fazendo retiros em cavernas e locais sagrados nos Himalaias.
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A amplitude de suas ações pelo mundo são notáveis, pois uma das suas missões é preservar e propagar a cultura e herança budista que iniciou antes mesmo do surgimento da Linhagem Drukpa, há  2500 anos, com o Buddha Shakiamuni. Com este foco, Sua Santidade promove preciosos ensinamentos de forma a gerar o amor universal, a  paz e a tranquilidade interior em todos os seres, buscando integrar a espiritualidade nas suas vidas diárias.

Como um grande incentivador do humanitarismo, desde a década de  1980 ele tem trabalhado com projetos inovadores e já estabeleceu 16 organizações beneficentes e centros de Dharma na Europa, Estados Unidos, América do Sul e Ásia.

Dentro desta visão de gerar benefícios nas dez direções, Sua Santidade fundou o “Live to Love -Viver para Amar”, um movimento humanitário global, no qual a essência e a prática central é oferecer a bondade amorosa e a compaixão a todos os seres.Por este programa, cuja implementação não se preocupa com o ineditismo, mas sim, com a possibilidade de incentivar um grande número de pessoas a despertar os melhores sentimetos humanos, Sua Santidade lembra da importância da criação de vínculos verdadeiros e profundos com os seres, independente de suas crenças, etnias ou convicções. “ Live to Love – Viver para amar”, atua nas áreas de educação, saúde, socorro, patrimônio e meio ambiente. Através deste trabalho, escolas, clínicas médicas, centros de retiro e a reconstrução de monastérios foram implementados.
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O líder supremo da Linhagem Drukpa tem um grande interesse e entusiasmo em assegurar às praticantes femininas o aprendizado formal, principalmente, nas regiões onde a visão patriarcal e machista é ainda muito presente. Para assegurar às mulheres uma mesma educação espiritual e a igualdade de gênero, ele estabeleceu diversos conventos nos Himalaias sob a égide “Druk Gawa Khilwa” (o Coração do Regozijo do Dragão), tais como a construção do convento budista Druk Amitabha Mountain  (Montanha Amitabha do Dragão) em Katmandhu, no Nepal, onde é ensinado às monjas não somente as práticas tradicionais mas, também, as línguas tibetana, inglesa, hindi, a computação, artes marciais, e outras habilidades.

Além disso, Sua Santidade tem orientado uma escola reconhecida e premiada internacionalmente  – Druk Pema Karpo School (Escola do Lótus Branco do Dragão) – em Ladakh, na Índia, oferecendo a seus estudantes uma educação moderna que, ao mesmo tempo, preserva a cultura local através de aulas e cursos especiais sobre os costumes, língua e a história de Ladakh.Em abril de 2009 este incansável mestre fundou o primeiro Concílio Drukpa Anual (ADC) – , dando início a um encontro que visa proporcionar , construir e nutrir as relações multi-laterais e inter-grupais dentro da Linhagem Drukpa. Como uma Tradição de yôguis e yôguinis que possuem ênfase na vida espiritual em solitude nos  eremitérios e cavernas, as práticas por eles originadas estiveram em risco de se perder.  O ADC é, portanto, um momento no qual a  Linhagem pode se reconhecer, fortalecer e ampliar, apresentando a riqueza da visão, da ação e da herança espiritual budista ao mundo.

Desde sua juventude o líder espiritual Gyalwang Drukpa engaja-se em longas peregrinações a pé (Pad Yatras) para visitar e prestar homenagens  a realizados mestres e aos locais sagrados. Sua Santidade costuma explicar que a prática da Pad Yatra é  uma ferramenta eficiente para cultivar as qualidades e o treinamento do caminho budista tais como a generosidade, a ética grupal, a paciência, a perseverança, a estabilidade e a clareza mental.

No decorrer de sua vida, ele expandiu estas caminhadas e, atualmente, centenas de peregrinos o acompanham em longas jornadas a pé pelos Himalaias e por outros lugares sagrados da Ásia, praticando atividades sociais e ambientais durante a viagem, o que veio a gerar o nome de “Live to Love Eco-Pad Yatras” à essas peregrinações.Entre os reconhecimentos internacionais pelo seu incansável e versátil trabalho social, ambiental, educacional e de igualdade de gênero,  salientam-se:
  • Em maio de 2010 foi honrado com Prêmio Bharat Jyoti (O Prêmio Glória da Índia), apresentado pela India International Friendship Society em Nova Delhi, capital do país.
  • Em setembro de 2010 foi honrado e premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o prêmio “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”.
  • Também em setembro de 2010 foi convidado a participar da mesa do Comitê de Seleção da Premiação Terra (Earth Award Selection Commitee) em Londres, na Inglaterra, no dia do lançamento das atividades Live to Love naquele país.
  • Em outubro de 2010 foi reconhecido por ter liderado um novo marco de  Recorde Mundial Guiness (Guinness World Record-GWR) em prol da preservação ambiental da região himalaica de Ladhak, no norte da Índia, onde organizou e liderou  9.313 pessoas na plantação de 27.166 mudas em uma hora, a maior quantidade de árvores plantadas simultâneamente no mundo. Isso ocorreu como uma forma quase instantânea ou até mágica, de transformar e beneficiar o meio ambiente local, logo após grandes enchentes devastarem a região.
  • Em dezembro de 2010, pelas suas iniciativas de preservação do meio ambiente e de soluções ecológicas para os problemas sociais na Índia, recebeu o prêmio “Herói do Meio-Ambiente” (Green Hero) do ano em Nova Delhi, das mãos do presidente do país Pratibha Patil..
  • Em janeiro de 2011 lhe foi conferida a premiação “Orgulho da Índia” (Bharat Gaurav)pelas suas meritórias ações através do programa Live do Love – Viver para Amar.
Sua Santidade Gyalwang Drukpa, viaja extensivamente oferecendo os mais variados ensinamentos, conduzindo retiros e inspirando seus alunos através de atividades benéficas à sociedade e ao meio ambiente.
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Entre os países que ele visita com mais frequência estão a França, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Espanha, Polônia, México, Peru, Estados Unidos, Austrália, Vietnan, Taiwan, Coréia, Malásia e Hong Kong.

Site oficial (inglês)
www.drukpa.org
Site oficial (português)
www.drukpa-br.org

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Comentarios:

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  • Lucélia Inês Burbello

    Nossa, ótimo texto. Passei por isso hoje, e consegui colocar em palavras, com calma,e ao mesmo tempo com energia, meus pensamentos: mas a outra pessoa é meio bipolar, não me deu entender que tenha entendido alguma coisa,na hora, mas acho que a coloquei para pensar. Como é difícil conviver com uma pessoa que sofre desse transtorno não,e ainda quer fazer você achar que você é culpada, por ela se sentir tão mal.Mas não entro mais nessa de sentir “culpa”, cada um que assuma seu papel.Não é fácil, numa hora está bem, rindo conversando, trocando com você, em seguida, tem uns ataques que não se sabe donde vem. Tentarei encará-lo como mestre, para meu aperfeiçoamento.

  • Muito bom.