Meditação nas escolas: prática auxilia crianças a serem mais altruístas, calmas e atentas.

“Se todas as crianças de oito anos aprenderem meditação, nós eliminaremos a violência do mundo dentro de uma geração.” — Dalai Lama

Texto original em inglês da revista OutSide. 

A meditação já começou a ser ensinada em escolas ao redor do mundo, este treino da mente esta auxiliando crianças a relaxarem, serem mais altruístas e com mais foco. Mas ainda existe um longo caminho para que a prática faça parte do currículo. 

Em uma recente quinta-feira logo após o almoço, 20 alunos da primeira série se reuniram em um círculo no chão acarpetado de sua sala de aula da escola pública em Santa Fe nos EUA. Alguns sentaram de pernas cruzadas e outros, em seus joelhos, cada um com uma das mãos entrelaçadas na frente deles ou descansando em seus estômagos. A professora, Katie Norton, sentou-se com eles com um pequeno sino. As crianças fecharam os olhos, parecendo surpreendentemente tranquilas, até mesmo um pouco sonolentas. Mas eles não estavam prontas para um cochilo. Eles estavam praticando meditação.

A sala caiu em um silêncio profundo, exceto pelo som da respiração de pequenos pulmões ao inalar e exalar. Sou voluntária na sala de aula minha filha Pippa de seis anos de idade, uma vez por semana durante as aulas de ciências (envolvendo besouros e centopéias), então posso garantir com alguma credibilidade que este era o momento mais calmo e quieto que já havia visto estas risonhas e levadas crianças de seis e sete anos.

A meditação, prática de sentar em silêncio com consciência plena, é originada de diversas tradições espirituais milenares e vem ganhando uma séria credibilidade ciêntifica como uma ferramenta do século 21 com benefícios como redução de pressão arterial, redução de estresse, melhora na qualidade do sono e responsável por aumentar bem estar físico e mental. Um estudo de 2011 de Harvard descobriu que meras 8 semanas de prática diária de meditação altera físicamente a matéria cinzenta do cérebro, aumentando a densidade no hippocampus (ligado à memória e aprendizagem) e diminuição da densidade na amígdala (associada com o estresse e ansiedade).

A antiga tradição espiritual da consciência sentado em silêncio, meditação vem ganhando séria cred científica como uma ferramenta do século 21 para a redução da pressão arterial, reduzir o estresse, melhorar o sono, e melhorar o bem-estar físico e mental. Um estudo de 2011 de Harvard descobriram que apenas oito semanas de meditação diária altera fisicamente a matéria cinzenta do cérebro, aumentando a densidade na hippocamus (ligada à memória e aprendizagem) e diminuição da densidade na amígdala (associada com o estresse e ansiedade). Para os atletas, de esquiadores olímpicos à jogadores de golfe, e jogadores da NFL, a meditação já faz parte da rotina e para eles a prática significa maior foco e performance.

A prática de atenção plena, tem também mostrado muitos resultados com crianças. Uma pesquisa publicada no Journal of Consulting and Clinical Psychology em 2009 descobriu que adolescentes que participaram de 8 semanas de prática de meditação de atenção plena baseada em redução de estresse, mostraram uma redução de 80% em problemas de saúde mental. Um estudo de 2013 no Jornal de Psicologia Positiva, reportou que crianças de baixa renda da terceira série que participaram de práticas de meditação, yoga e exercícios de respiração uma vez por semana, mostraram um notável declínio em comportamentos hiperativos e sintomas de défict de atenção (TDAH). Estudos também mostraram que a prática de meditação aumenta a bondade, empatia, comportamento pró-social e consciência emocional em crianças da quarta e quinta série e reduzem violência escolar e conflito em 65%.

Não surpreendentemente, um dos maiores obstáculos para a introdução da meditação no currículo nas escolas é o tempo. “A meditação pode ser vista como não essencial”, diz Norton. “Os professores estão sob tanta pressão que pode ser difícil de justificar tomar o tempo do dia na escola.” Em sua sala de aula, Norton resolve o problema ao fazer a prática de meditação em intervalos de 15 minutos, que podem ser facilmente espremidos entre matemática, ciências e gramática. No escola de baixa-renda Burton High School, em San Francisco, o diretor estendeu o dia na escola por 30 minutos para implementar a prática de atenção plena. “Os próprios professores têm de se interessar e ver o valor da prática”, diz Norton, que foi premiado com uma bolsa pelo distrito escolar público de Santa Fe para prosseguir a sua formação.

Norton, que tem dado aula para primeira série a seis anos e que é praticante de meditação a mais de 20 anos, é uma das centenas de professores em todo o país que estão trazendo treinamento da mente para dentro da sala de aula. Mais de 90 escolas em 13 estados dos EUA agora ensinam meditação, graças em parte a organizações sem fins lucrativos como MindUP (fundada pela atriz Goldie Hawn), a Fundação David Lynch, e Escolas Consciente, muitas ONGs nos Estados Unidos já oferecem formação de professores e currículos estruturados para jardim de infância até o ensino médio.

Na Valley School Visitacion, uma escola secundária pública em um bairro em San Francisco em situação de risco, suspensões caíram 79 por cento desde 2011, quando a escola implementou o programa de meditação mindfulness Quiet Time de David Lynch, que consiste em dois períodos de 15 minutos de meditação sentada por dia . Já, a diretora da escola vizinha Burton High School observou resultados semelhantes depois de implementar a prática da meditação. Até mesmo equipes de esportes da escola, como esquadrão de basquete de meninos já estão implementando a contemplação silenciosa.

Apesar de suas raízes espirituais, a meditação não é estritamente uma prática religiosa. O currículo proposto pela Mindful School, inclui períodos curtos de meditação, seguidas de aulas seculares como a escuta atenta, a gratidão, e o que eles chamamde “bom coração.” O dia em que eu estava na sala de aula de Norton ela ensinou sobre generosidade, pedindo as crianças a pensar de maneiras que poderiam oferecer aos outros o seu tempo, amor e amizade, tanto na escola como em casa. A lição de casa: voltar no dia seguinte com um exemplo de como eles agiram com generosidade.

Naquela tarde, voltamos para casa depois da escola, pela primeira vez em sua vida, Pippa se ofereceu para fazer a roupa. Ela ficou lá acumulando tudo na máquina de lavar e observava ela girar, em uma espécie de transe extático, enquanto eu olhava, igualmente perplexa. Esta foi a mesma menina que a pouco tempo atrás se jogou no chão e chorou depois que pedi para pegar um casaco do chão. Na escola, Norton está percebendo mudanças também. “As crianças parecem relaxar mais rapidamente após transições de uma aula para outra”, disse ela. “É muito mais fácil para eles ir de toda a velocidade para zero.”

É muito emocionante imaginar um futuro onde todos os professores da rede pública são capacitados e habilitados para ensinar o treino da mente como parte do currículo regular. Até lá, não é tão assustador quanto parece incluir a prática da meditação em sua casa. Comece com apenas 90 segundos de silêncio sentados juntos, convidando o seu filho a entrar em sintonia com sua respiração, conforme ele inspira e expira. Kate Reynolds, uma psicoterapeuta de família e diretora do Centro de Santa Fe de Atenção Plena, gosta do truque da pedrinha na barriga para acalmar os mais novos: colocar um bicho de pelúcia ou uma pedrinha no estômago do seu filho para ajudá-lo a concentrar-se na subida e descida de sua respiração.

O truque da pedrinha para acompanhar a respiração.
O truque da pedrinha para acompanhar a respiração.

Outra prática, consiste na criança cultivar e recitar pensamentos de coração para eles mesmos e para os outros, como “Possa eu estar seguro, possa eu aceitar me aceitar como sou, possa eu ter momentos divertidos, possa eu ter bons amigos, possa eu ser pacífico, possa eu ser compressivo, possa eu ser feliz.” E, finalmente, confira estes dois vídeos abaixo para inspirar suas crianças e você a fazer uma pausa e respirar fundo:

Neste “esporte” competitivo que é ser pai ou mãe no mundo moderno, criar um pequeno e sereno Buda pode parecer como outra tarefa extra curricular que sua criança tem que dominar. Mas ao sentar em meditação com as crianças da primeira série, eu percebi que não importava que a prática aumentava o desempenho e as notas delas, ou sua performance atletica. Se a meditação ajuda minha filha a ser uma melhor ouvinte, que reduza suas eventuais pirraças e agitação isso é apenas a cereja do bolo. Essas crianças estão aprendendo habilidades essenciais para a vida: bondade, compaixão e aceitação – qualidades humanas que eu desejava estar sendo exposta quando tinha 6 anos.

 

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