O trecho abaixo narra os ensinamentos dados por S. S. o Karmapa em um centro de Dharma nos Estados Unidos em sua visita ao pais em 2015. Para o seu primeiro dia de atividades do Dharma durante este período, ele deu ensinamentos sobre meditação, respondeu uma extensa série de perguntas dos estudantes e deu uma iniciação pela tarde.
Texto original em inglês, traduzido por Clara Luz.
Como é apropriado para um tour focado em universidades, a primeira iniciação que Sua Santidade o 17º Karmapa conferiu durante esta viagem de dois meses aos Estados Unidos foi a iniciação de Manjushri, um ser iluminado sendo especialmente ligado a sabedoria. Os ensinamentos e iniciação foram concedidas a pedido da Karma Thegsum Chöling em Nova Jérsei (KTC-NJ), localizada nas proximidades do sul da cidade de de Shamong em Nova Jérsei e servindo tanto como um centro do Dharma como um lar longe de casa para o Karmapa nos Estados Unidos.
O dia foi particularmente auspicioso para começar este tradicional componente budista da viagem: com uma lua cheia e um eclipse lunar total que acontece hoje, os efeitos das ações meritórias são considerados multiplicados. A manhã estava fresca e uma brisa leve arrepiou o ar, enquanto Sua Santidade o Karmapa estabelecia-se no KTC-NJ onde está residindo durante esse período.
Durante o trajeto de 30 minutos para o local dos ensinamentos, na cidade vizinha de Mount Laurel foi possível notar uma uma pitoresca paisagem campestre com espaçosas terras e propriedades. Enquanto isso, mais de 700 pessoas haviam chegado e preenchido o salão alugado no Westin Mt. Laurel bem antes de Sua Santidade chegar.
O próprio 17º Karmapa começou por referir que, depois de discursar a tantos públicos universitários, em que os assuntos não foram especificamente ou diretamente budistas, ele sentiu como se estivesse fazendo uma súbita inversão de marcha ao falar sobre o Dharma.
Refletindo sobre suas experiências durante esta viagem, ele passou a observar que, durante suas visitas à sede do Google e do Facebook, notou que eles também estavam criando espaços para que seus funcionários meditassem e enfatizassem a atenção plena no local de trabalho. “É excelente que todos tenham a oportunidade de praticar a meditação”, ele disse. No entanto, enquanto elogiou os esforços, ele também alertou.
“Dado que a obrigação de meditação por sua própria natureza, deve ser algo pessoal e individual que cada pessoa experimenta do seu próprio jeito, a partir de suas necessidades e disposições, em suas descobertas particulares, eu acredito que ela jamais deve ser comercializada ou usada com propósitos comerciais.”
Ele voltou a este tema mais tarde, apontando para o caminho do yoga que às vezes é comercializada como uma forma de exercício físico, embora tradicionalmente seja uma forma altamente rigorosa de treinamento espiritual.
“Hoje em dia muitas pessoas estão interessadas no Budismo, especialmente na meditação. Mas muitos acham que a meditação é uma espécie de terapia espiritual, de massagem espiritual. Tais pessoas esperam que, através da prática da meditação, conseguirão relaxar e reduzir o stress e a pressão que sentem em suas vidas ocupadas. Relaxar é bom, mas é diferente da prática de meditação completa que é ensinada pelo Budismo. Esta requer um treinamento mais exclusivo e intenso. Eu acredito que esperar que a meditação trará mais calma e conforto íntimo pode causar uma certa desilusão. Na verdade, eu acho que a intensa prática de meditação provavelmente produzirá muito desconforto inicialmente, pois é difícil se livrar de velhos hábitos e na prática da meditação tentamos substituir muitos de nossos velhos e negativos hábitos por outros novos. Isso vai contra a essência de nossas personalidades e, por isso, provavelmente será algo difícil e desconfortável.ª
Apresentando a meditação dentro do contexto budista, Sua Santidade explicou que, em geral, existem dois tipos– meditação estabilizadora e meditação analítica. Sem os fundamentos da shamata, que é considerada como meditação estabilizada, seria muito difícil desenvolver a vipassana. Sua Santidade explicou que no início, para conseguirmos desenvolver a shamata, precisamos de um ambiente quieto e isolado e que o treino da shamata usualmente leva de três a seis semanas.
“No entanto, um lugar ou ambiente tranquilo ou isolado, não significa apenas um lugar que é fisicamente quieto”, ele explicou. “Isso também significa ser isolado das condições de distração, tais como telefones, internet e assim por diante.”
Observando que, apesar de existirem, no Ocidente, vários grupos de meditação que se reúnem semanalmente para meditar durante algumas horas, S.S. comentou que não tem certeza se esse número de horas é suficiente para verdadeiramente desenvolver a shamata. Ele fez então uma sugestão, que provocou muitas conversas mais tarde, no intervalo entre as sessões.
“Até agora, locais de Dharma, onde as pessoas possam se dedicar exclusivamente ao treino ou prática da shamata durante vários meses são muito raros. Desse modo, eu os encorajo a criar eventos e oportunidades para a prática intensiva e longa (de vários meses) de shamata nos países ocidentais. ” – Disse Sua Santidade.
Aumentando as apostas ainda mais, o Karmapa enfatizou a importância da prática shamata tornar-se um antídoto para as nossas emoções perturbadoras, ou kleshas.
“O objetivo da prática de shamatha não é simplesmente para alcançar a paz de espírito e se sentir-se confortável e relaxado em sua mente. Na verdade, a prática da shamata existe para aprimorar as nossas mentes e mudar, para melhor, as nossas personalidades através do enfraquecimento e cura de nossos kleshas. Algumas pessoas acham que o mais importante da shamata é fazer alguém sentir-se bem, relaxado e confortável; mas a função real da shamata é servir como um remédio para os nossos kleshas. ”
“Não é suficiente praticar a meditação só no nosso quarto sentado na almofada”, continuou ele. “É necessário trazer a prática de shamatha em todas as atividades pós-meditação, incluindo o nosso trabalho. É especialmente importante ser capaz de aplicá-la quando nos tornamos altamente emocionais”
Em seguida, o Karmapa convida a plateia a fazer perguntas, pedindo que eles se concentrem no tema da meditação. Estudantes ansiosos aproveitam a oportunidade para questionar diretamente as suas dúvidas de meditação para Sua Santidade o Karmapa, que abriu outra sessão para perguntas adicionais após a pausa para o almoço. A primeira pergunta apontou que no mundo moderno é difícil encontrar um ambiente isolado e adequado para a prática de shamatha, como aconselhou a Sua Santidade.
“No século 21, junto com o tremendo progresso material que atingimos, nós também desenvolvemos hábitos extremamente consumistas e gananciosos”, respondeu S.S. Karmapa “Tais hábitos são obviamente encorajados por algumas mídias, e, em nossa ânsia pelas coisas materiais, somos impedidos de alcançar o isolamento e mental e a experiência de uma concentração sem distrações.”
“Mesmo que não queiramos uma determinada coisa, sempre haverá alguma outra coisa para atrair o nosso desejo porque o comercialismo faz uso extensivo da psicologia para nos seduzir. Eu acho que se alguém tivesse oferecido um iPhone a Jetsun Milarepa, até mesmo ele ficaria ocupado com o aparelho por horas! ”
“A prevalência dos nossos confortos externos e de todos os aparelhos que nos cercam formam uma rede que nos captura e é muito difícil escaparmos dela. Eu penso que se conseguirmos relaxar nossas mentes e observar com cuidado a irrealidade do consumismo, nós poderemos reconquistar a nossa independência. Eu acredito que a independência é o primeiro passo para começarmos a desenvolver o isolamento mental ou a capacidade de não se distrair que é necessária para a prática da shamata. ”
Outra questão levantada é saber se é necessário completar as práticas preliminares (ngondro), antes de iniciar o treinamento na meditação shamatha, como muitas vezes é ensinado. Sua Santidade explicou que há dois grupos de práticas preliminares: as quatro preliminares comuns, que englobam os quatro pensamentos que voltam a mente para o Dharma; e as quatro práticas incomuns, que englobam o refúgio e a bodhichita com prostrações, Vajrasattva, mandala e guru yoga. Ele observou que a maioria das pessoas se dedica muito mais a essas quatro últimas, as práticas incomuns do ngondro.
“A razão pela qual as pessoas preferem dedicar mais tempo às práticas incomuns é o fato de que estas podem ser numericamente contadas”, Sua Santidade comentou ironicamente, arrancando várias risadas da audiência. “Vocês contam os números e, porque estão contando, vocês têm um sentimento de que estão progredindo e isso é algo que as pessoas gostam de sentir. A contemplação das preliminares comuns são contemplações onde não há nada contável e, portanto, não oferecem ao praticante qualquer marco que possa dar uma sensação de avanço. E, no entanto, o verdadeiro sinal de avanço é o aprimoramento da mente e da personalidade. ”
Ressaltando seu ponto, ele disse: “A contemplação das quatro preliminares comuns é muito importante, e na verdade eu acho que as preliminares comuns são mais importantes que as preliminares incomuns.”
Em resposta a uma pergunta sobre como continuar nossa prática ao encarar obstáculos implacáveis, Sua Santidade aconselha que devemos ver nossas adversidades não como obstáculos, mas como oportunidades.
Do ponto de vista do Dharma propriamente dito, na verdade é melhor quando os praticantes experimentam adversidades porque estas ensinam mais lições e criam a chance de aplicar verdadeiramente a prática. Desse modo, os praticantes podem misturar a experiência da adversidade com a prática do Dharma.
“A questão é de que forma vemos a adversidade, ” disse Sua Santidade. “Se conseguirmos ver a adversidade como uma oportunidade para a prática, essa será a melhor maneira de usar a adversidade. Uma vez que uma situação adversa surge, nós não temos mais a opção de evitá-la, então só nos resta fazer o melhor uso dela. É perda de tempo ficarmos apenas lamentando isso ou aquilo. O que é mais importante é como encaramos a adversidade e que a tomemos como uma oportunidade.ª
Outro estudante procurou o conselho de Sua Santidade quanto à possibilidade de haver ou não algum conflito entre fazer a prática do Dharma e tomar medicamentos para tratar doenças como a depressão e ansiedade.
“Há uma diferença entre os estados emocionais comuns ou usuais, e as doenças como depressão e ansiedade,” Sua Santidade esclareceu. Quando a depressão ou a ansiedade não são somente alterações do estado mental, mas pronunciadas doenças, então estamos falando de um problema físico real que deve ser tratado por um remédio físico. Provavelmente não conseguiremos curar uma doença física apenas com o trabalho da mente. Desse modo, podemos dizer que, além de não haver contradição entre a prática do Dharma e o uso de antidepressivos ou ansiolíticos com supervisão médica, seria mesmo uma imprudência alguém interromper o uso dos medicamentos apenas porque tornou-se um praticante. ”
“Às vezes as pessoas que sofrem de depressão se tornam budistas ou começam a praticar o budismo e percebem que a prática do dharma parece servir como um remédio para sua depressão. Então, no entusiasmo inicial querem parar de tomar os seus remédios e ficam mal. Não é prudente fazer isso. Claro, nós não queremos tomar esses medicamentos porque todos eles têm efeitos colaterais físicos, e usamos porque temos que fazer isso. Idealmente, queremos chegar ao ponto em que já não necessitamos da medicação e podemos gradualmente parar de usar, mas não devemos fazê-lo prematuramente. “
Em resposta a uma pergunta sobre o melhor método para aumentar a nossa sabedoria, Sua Santidade respondeu, traçando uma distinção entre sabedoria externa e sabedoria interior-dirigida.
“Sabedoria externa é basicamente o conhecimento que adquirimos através do estudo. Frequentemente nossa mente torna-se instruída sobre tudo, exceto sobre si mesma. Somos sábios sobre tudo, exceto sobre a nossa mente, que de um modo geral, permanece absolutamente ignorante de si mesma. ”
“Por isso eu penso que a coisa mais importante é ganhar a sabedoria do reconhecimento da própria mente. Eu acredito que seja a base da verdadeira sabedoria. Nós chamamos isso de “um conhecimento que abre as portas para todos os outros conhecimentos”, porque, quando você ganha esse tipo de entendimento amplo, este inclui todos os outros e permite que o poder ou intensidade da sua sabedoria e capacidade de aprendizado aumentem naturalmente. ”
Quando outra pessoa questionou como podemos praticar a meditação continuamente ao longo das 24 horas do dia, Sua Santidade advertiu que não é sábio forçar isso, pois não ajuda.
“É inviável tentar praticar meditação formal durante todo o dia e toda a noite. Mas talvez consigamos manter as nossas mentes em estado meditativo constante. A chave para isso é começar cada dia criando a intenção de fazê-lo, estabelecendo como meta do dia manter o estado meditativo. Com esse tipo de compromisso e aspiração, nós podemos periodicamente nos lembrarmos de nossa intenção de permanecer em estado meditativo”, explicou.
Ele então ofereceu um uso criativo da tecnologia moderna para ajudar-nos a permanecer consciente durante todo o dia.
“Smartphones são muito úteis, pois você pode configurá-los para tocar, vibrar um alarme aonde quer que você esteja. Se você configurar o smartphone para lembrá-lo a cada duas ou três horas de estar em um estado meditativo, uma vez que você teve a intenção no início do dia e é periodicamente lembrado desta intenção ao longo do dia, deve ser possível sustentar a dinâmica da meditação. ”
Na sessão da tarde perguntaram a Sua Santidade se ele poderia elaborar conselhos sobre como examinar nossos kleshas. Em resposta Sua Santidade exemplificou um remédio de três etapas para os kleshas, utilizando a raiva como exemplo.
“O primeiro passo ao lidar com qualquer klesha é reconhecer os problemas que eles causam”, explicou ele. “Isso não pode ser feito através da escuta dos ensinamentos do seu guru ou mesmo do estudo dos ensinamentos do Buda sobre este ou aquele klesha – você precisa reconhecer os seus kleshas pessoalmente, intimamente, a partir da sua própria experiência. ”
Sua Santidade explicou que o segundo passo é aprender a estabilizar nossas mentes para que possamos usar qualidades positivas, como amor e compaixão como uma ferramenta para responder a situações, em vez de automaticamente permitir que os kleshas moldem a nossa resposta.
“O terceiro passo ao lidar com nossos kleshas é tomar a decisão ou compromisso de não se deixar dominar por eles. Essas decisões ou compromissos podem ser esquecidos, então é importante que nos lembremos periodicamente de que nós realmente não permitiremos que a raiva tome conta de nós. Conforme o tempo passa, o hábito de não ficar com raiva vai ficando cada vez mais forte.”
Sua Santidade o XVII Karmapa, Ogyen Trinlê Dorje, nasceu em 1985 numa área remota do Tibete de Leste, numa família de nómadas. Foi encontrado de acordo com as instruções de uma carta de predição deixada pelo XVI Karmapa e a sua identidade foi confirmada não só por Tai Situ Rinpoche e Gyaltsap Rinpoche, mas também por Sua Santidade o XIV Dalai Lama. Em 1992 o Karmapa foi entronizado em Tsurphu, a tradicional sede da linhagem Karmapa no Tibete.
Desde muito jovem ele deu sinais de ser um líder poderoso e de grande conhecimento. Deu a sua primeira iniciação aos oito anos de idade e rapidamente ganhou mestria em todos os ensinamentos que os monges de Tsurphu tinham para lhe dar. Foi ele que conduziu a renovação do mosteiro de Tsurphu, que estava a ser reconstruído. Mandou construir um shedra (universidade monástica) em Tsurphu, enquanto dava orientação aos mosteiros e centros do mundo inteiro. O jovem Karmapa começou a atrair os devotos de todas as partes do Tibete mas também do estrangeiro. Começou ainda a reconhecer as reencarnações de outros importantes lamas Kagyu como Jamgon Kongtrul Rinpoche.
Aos 14 anos, o Karmapa decidiu arriscar uma perigosa fuga do Tibete para a Índia por duas razões principais. Em primeiro lugar porque não lhe era permitido trazer os seus mestres da Índia e, assim, não podia prosseguir o tradicional treino de um líder espiritual. Em segundo lugar, porque reconheceu os sinais de que viria a ser usado contra Sua Santidade o Dalai Lama.
O mundo ficou maravilhado quando o Karmapa, apenas com 14 anos de idade, chegou a Dharamsala no início do século XXI e tomou refúgio aos pés de Sua Santidade o Dalai Lama. O governo e o povo da Índia aceitaram-no como um convidado de marca e, desde então tem vivido no mosteiro de Gyuto em Dharamsala, onde recebe a educação monástica tradicional e todas as iniciações necessárias, sob a tutela dos mestres Kagyu e de Sua Santidade o Dalai Lama que nomeou Khenchen Thrangu Rinpoche como o seu principal tutor.
Para além de ser um erudito e um professor em todas as áreas dos estudos budistas, os seus poemas, pinturas, caligrafias e, em especial, as suas peças de teatro e canções, compostas e dirigidas em conjunto com os artistas do Tibetan Institute of Performing Arts, são extremamente apreciadas. Gosta de estudar línguas e culturas de diferentes civilizações asiáticas e ocidentais e tem aulas de Sânscrito, Hindi, Chinês, Coreano, Vietnamita, e Inglês. Também está interessado na ciência moderna e tem participado ativamente nas conferências Mind and Life com Sua Santidade o Dalai Lama, em Dharamsala.
Em 2007, depois de ser vegetariano há vários anos, Sua Santidade pediu aos seus mosteiros de deixarem de servir qualquer tipo de carne. Explicou que, se tivermos uma verdadeira compaixão pelos animais e a aspiração de aliviar o seu sofrimento, devemos também tentar aplicá-lo na prática. No final do seu ensinamento, ergueram-se centenas de mãos dos monges e monjas, bem como dos praticantes laicos que se comprometiam em tornarem-se vegetarianos. É uma excelente demonstração de como ele ensina pelo exemplo.
O Karmapa também introduziu muitas mudanças no sistema de educação das universidades monásticas. Mudou a estrutura do Kagyu Gunchö anual, os Debates de Inverno, durante os quais as universidades monásticas se reúnem durante um mês para estudarem e debaterem a filosofia budista. Atualmente os Debates de Inverno Kagyu incluem um torneio de debates que premeia as melhores universidades, os melhores indivíduos e o estudante mais entusiasta. Durante este período, Sua Santidade dá ensinamentos sobre textos filosóficos importantes da tradição Kagyu e os debates são seguidos de um seminário de três dias.
Em 2014, o Karmapa fez história ao instituir uma reunião anual de Inverno Arya Kshema Dharma Gathering para as monjas Karma Kagyu e permitiu-lhes o acesso a uma educação rigorosa. Participaram cerca de 300 monjas. As monjas não só participaram nos debates mas foram responsáveis por todas as atividades incluindo os rituais, os cantos e a disciplina durante a reunião. É apenas um exemplo de como o Karmapa procura dar mais poder e responsabilidade às mulheres, em todas as áreas.
Em 2009 numa conferência TED no Mysore, o Karmapa declarou que é da responsabilidade dos líderes espirituais terem um papel preponderante em questões sociais como a da crise ambiental e do estatuto feminino. Comprometeu-se então em fazê-lo pessoalmente e em inspirar os outros a seguir o seu exemplo.
O Karmapa considera a proteção do ambiente como fazendo parte da prática do Dharma. Afirmou que gostaria que os mosteiros budistas tibetanos se tornassem líderes no seio das suas comunidades em relação às questões ambientais, especialmente já que as comunidades do Himalaias começam a ter de enfrentar as enormes consequências das alterações climáticas. Em 2009 fundou, e continua a presidir, a Khoryug (“ambiente” em tibetano), uma associação de mosteiros eco-budistas nos Himalaias. Atualmente a associação reúne mais de 55 mosteiros budistas de monges e monjas com projetos ambientais na região dos Himalaias. A associação publicou as Linhas Orientadoras Ambientais e um livrinho muito popular chamado “108 Coisas que pode fazer para proteger a Terra”. Além Himalaias, ele encoraja as pessoas do mundo desenvolvido a usarem menos recursos e a simplificarem as suas vidas.